sexta-feira, outubro 02, 2009

Primeira
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Jesus não fez o milagre dos golos

SÉRGIO KRITHINAS/CARLOS NOGUEIRA,
enviados especiais a Atenas (Grécia)
Crónica de CARLOS NOGUEIRA

Fonte: O JOGOONLINE

E ao 21º jogo da época - o décimo oficial -, o Benfica de Jorge Jesus ficou em branco pela primeira vez. E não foi por falta de oportunidades que os encarnados deixaram Atenas sem marcar e com a segunda derrota europeia longe da Luz em outros tantos jogos. Ficou bem evidente que o AEK era uma equipa acessível, e a prova disso foi que as águias criaram as melhores oportunidades, que só não foram concretizadas por causa do argentino Saja, um guarda-redes inspirado que ajudou - e de que maneira! - a tirar a sua equipa de uma profunda depressão.

O AEK entrou no jogo muito a medo por causa da fama de um Benfica demolidor. Por isso, o treinador Dusan Bajevic montou uma estratégia que visava bloquear a criatividade e as rápidas trocas de bola encarnadas. Colocou o bósnio Jahic à frente da defesa para controlar os movimentos de Aimar. E o argentino, quando se libertava, tinha ainda de se haver com Kafes. Apesar disso, o início do jogo pertenceu por inteiro aos encarnados, que procuraram aproveitar a intranquilidade grega, causada pelos recentes maus resultados. O remate de Maxi Pereira logo aos seis minutos fez tremer o adversário. É que, apesar de abusar do jogo pelo centro do terreno, onde havia muita concentração de pernas, era o Benfica que mandava e, quando Di María rematou ao poste (13'), todos esperavam pelo golo encarnado.

O primeiro remate do AEK à baliza de Júlio César (16') como que fez abrir uma janela aos gregos, que começaram a perceber que podiam aproveitar a estranha intranquilidade de César Peixoto. Daquele lado surgiu um cruzamento em que Blanco quase marcou. Na primeira parte, o avançado argentino levava quase sempre a melhor sobre os centrais do Benfica, quando a bola era cruzada para o coração da área.

Era a equipa portuguesa, ainda assim, a ditar as "regras" e o ritmo do jogo. Mantinha-se a sensação de que o golo iria aparecer. Só que, para surpresa geral, tal acabou por acontecer, mas na baliza de Júlio César. Um erro grave de Luisão na marcação a Majstorovic, na sequência de um canto, fez renascer o AEK da depressão. O golo do sueco acabou por ser o segundo sofrido pelo Benfica esta época na sequência de lances de bola parada em zonas laterais (o primeiro havia sido em Leiria, ainda que na forma de um autogolo com a assinatura de David Luiz).

Era preciso um Benfica a jogar com mais intensidade e mais velocidade na segunda parte, mas Jesus optou por não fazer substituições ao intervalo, parecendo querer ver o que as coisas iam dar nos primeiros minutos. Di María e Saviola obrigaram o guarda-redes Saja a duas grandes defesas para canto, mas a defesa encarnada sofria com os rápidos contra-ataques gregos, sobretudo pela direita.

Jesus não quis esperar mais e, aos 59 minutos, arriscou tudo ao lançar Fábio Coentrão e Weldon, tirando Maxi Pereira e Saviola. Um risco? Sim, mas é como diz a velha máxima: perdido por um, perdido por mil. Ramires passou para defesa-direito, com Di María à sua frente, enquanto Weldon foi jogar ao lado de Cardozo. Só que estas mudanças não tiveram o efeito que o treinador pretendia. O Benfica perdeu o controlo do jogo e tornou-se uma equipa confusa, ainda para mais porque Aimar já há muito se "perdera" entre as camisolas amarelas.

Um livre de Cardozo para grande defesa de Saja fez despertar os encarnados, que beneficiaram ainda da lesão do capitão Kefes para encostarem o AEK à sua área. O último milagre de Saja foi à entrada dos últimos 15', quando desviou, já no chão, um remate de Coentrão. A partir daí, o coração mandou mais do que a cabeça, e nem Nuno Gomes mudou as coisas.