||||||||||||||||||||||||||||||||||Morreu MESQUITA LEMOS Provavelmete serei um dos poucos sobreviventes que pode referir-se ao MESQUITA LEMOS com conhecimentos de uma relação que dista desde o tempo em que a Rádio em Angola, seria para alguns uma utopia. Em Benguela nasceu a Rádio Angolana... e, logo, ali pertinho, no Lobito, continuou com o seu pioneiro ÁLVARO DE CARVALHO. Foi, mais ou menos nessa época, que eu conheci o Mesquita, como ex-trabalhador do Caminho de Ferro de Benguela. Eu trabalhava no Rádio Clube de Benguela (1949) e ele no Rádio Clube do Lobito. Muitos pensavam que o Mesquita, dada a sua paixão pelo Lobito, que ali tinha nascido o que não é verdade. Ele nasceu na Huila, num município chamado Gambos. Em 1950, quando eu voltei para Luanda e integrei o grupo que fundou a Emissora Oficial de Angola, o Santos e Sousa - que havia sido colega do Mesquita, no Lobito -, já havia promovido o Mesquita a profissional e nomeando-o seu coadjutor nos Serviços de Produção. E o Mesquita assentou arraiais na capital angolana até aos dias da sua morte.
Trabalhei a seu lado durante muitos anos no RCA e nunca o Mesquita se envolveu em problemas de qualquer natureza. Calmo, educadíssimo, camarada, estudioso e homem de cultura incomum, o Mesquita era respeitado por todos. Brincalhão na hora certa, fazia uma vida muito peculiar aos "solteirões" mas nunca se ouviu o nome dele envolvido em qualquer escândalo. Sabia estar na vida... e todos os respeitavam. Locutor exímio e produtor de programas de música clássica, o Mesquita nunca me fez esperar para gravar os seus programas. Na hora certa ele estava. Excelente profissional.
Depois de uma série de anos no RCA e Rádio Ecclesia, Emissora Católica de Angola onde desempenhou funções de destaque, sempre dando contributos válidos para a evolução de muitos profissionais da rádiodifusão angolana.
O Mesquita de Lemos foi, um dos poucos "HOMENS DA RÁDIO", que no conturbado período de transição do país para a Independência (1974/1975), que não "bazou", ficando firme na vanguarda do cumprimento das suas responsabilidade, como pólo importante na formação de quadros, aceitando ficar a dirigir a Rádio Escola, da Emissora Oficial de Angola.
Soube, há momentos da sua morte, através da ANGOP:
O Ministro da Comunicação Social, Manuel Rebelais, manifestou-se hoje, em Luanda, profundamente consternado com o falecimento do emérito jornalista Manuel Guimarães da Mesquita Lemos, ocorrido quarta-feira por doença. Segundo uma nota de condolências chegada hoje à Angop, o ministro da Comunicação Social descreve o jornalista Mesquita Lemos como homem de vastíssima cultura. Manuel Rebelais apresentou, neste momento de dor e luto, à família enlutada e a todos os trabalhadores da Rádio Nacional de Angola os seus mais profundos sentimentos de pesar. O jornalista passou a semi-amador no Rádio Clube do Sul de Angola, depois Rádio Clube do Lobito e profissionalizou-se quando ingressou no Rádio Clube de Angola, onde manteve até a independência, altura em que se integrou nos quadros da Rádio Nacional de Angola. Mesquita Lemos fez parte de uma plêiade de homens que transformaram a rádio em Angola. A ele se deve o inestimável serviço que prestou ao país e à radiodifusão angolana, na Rádio Escola, de que foi director, e onde se formou a maior parte dos profissionais da Rádio de Angola, lê-se na mensagem. O documento adianta ainda que foi graças à Rádio Escola que, com trabalhadores locais, se formaram os jornalistas e técnicos de que as rádios provinciais necessitavam. Com essas acções de formação foi possível às emissoras provinciais, isoladas e distantes da capital, basearem a si próprias, mantendo-se operacionais durante os longos e difíceis anos de guerra. Mesquita Lemos, exemplo de probidade, transformou-se também em divulgador da música clássica na Televisão Pública de Angola (TPA), através do seu programa Prelúdio. | CARLOS PEREIRA (carlospereirangola@gmail.com) |
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