quarta-feira, fevereiro 01, 2006

repassando

MINHA PRIMEIRA ESTÓRIA

Meus encantos pela blogosfera começaram em 2003. Com a criação do ESTÓRIAS P'RA CONTAR na BLOGGER da GLOBO. Havia encontrado o sítio certo para fazer jornalismo à minha maneira. Uma maneira sem formação universitária... com formação na prática do desempenho da profissão. Mesmo, quando a censura nos obrigava a utilizar uma ginástica mental, que nos permitia concretizar parte de nossos objectivos na divulgação de verdades. E nesse tempo, a censura portuguesa do fascismo salazarista, era rude... traiçoeira e imprevisível. Essa a minha formação jornalística. Sou autodidacta. A minha maneira é esta, a de escrever sem preocupação da sintaxe classicista, mas que me faça entender por um público leitor que não precise de recorrer aos dicionários para assimilarem as minhas mensagens. Errado? Preterir a nossa obrigação de cultivar e de não descer aos níveis dos incultos? Não fico nada preocupado com as respostas que alguns conservadores e clássicos possam dar a estas minhas questões. Adiante, pois.

PORQUE ESTOU AQUI


Em fins de 2003, talvez em Setembro, já nem me recordo o que me deu, optei pela blogger. Estava curioso e interessado em criar algo para me expressar e ser útil a certas camadas sociais que, eu sei, enfrentam algumas dificuldades por falta de informação e, confesso, dar largas à minha imaginação e sede de adquirir conhecimentos neste mundo web que é uma das minhas duas paixões. E, como ideia fundamental, a de contar os episódios mais curiosos (inéditos, mesmo...) que ocorreram na minha vida e na minha carreira. Ineditismo, por exemplo, o eu ter nascido. Ninguém contava com um mamífero como eu (rsssss)..Desviei-me um pouco do tema mas já cá estou outra vez. Na blogger, criei o ESTÓRIAS PRA CONTAR, um blog, ONDE PERMANEÇO HÁ MAIS DE UM ANO, MAS QUE, A PARTIR DE ALGUNS MESES PASSEI A DEPARAR COM IMENSAS DIFICULDADES PARA POSTAR até aue, agora, quase desisti de ali continuar porque não dá mesmo para postar e a paciência esgotou após ter ali registado 22.565 visitas (01.fevº.2006). Pimeiro na GLOBO apagarm, pura e simplesmente todo o conteúdo do blog, quando esTACA COM MAIS DE 8000 VISITAS. A regência da GLOBO apagou tudo, sem qualquer explicação. Isso faz parte da auto-defesa expressa nas regras de utilização. Já estou conformado com isso e de novo entusiasmado aqui na BLOGSPOT com os meus escapes. Uma tranferência provisória, pois estou a pensar em alterar o template e baptizar de "ESTORIAS P'RA CONTAR". Quanto à Weblogger as coisas estão baralhadas... não se consegue abrir o blog, pois alguma coisa foi feita tecnicamente, que o mantém com a configuração alterada... e quando eu a acerto... volta sempre o "lado negativo"... Pena não haver alternativa para contactar com os responsáveis da Weblogger... para acertar as coisas convenientemente.
Mas, como tudo na vida, há uma razão para todos os procedimentos, e, a que assiste à GLOBO, terá sido, talvez, o conteúdo de um EDITORIAL que eu postei sobre a criação, no Brasil, do Conselho Nacional de Jornalismo. Convicto que estou de ter sido essa a razão, vou republicar aqui, integralmente esse texto. Meus leitores concluirão sobre o assunto. Peço, apenas: Não me julguem mal.

| O JORNALISMO E OS GOVERNOS |

Onde se fala de bando de covardes, assassinatos de jornalistas, liberdade de imprensa, deontologia profissional e muito mais.

Hoje vou esquecer por tempo que for necessário a cobertura que tenho vindo a fazer da actualidade olímpica, assim como outras mais, para descarregar neste editorial, um peso enorme que sinto dentro de mim impondo-se a ser expulso imediatamente, por imposição de consciência profissional. Com 54 anos de profissão jornalística, espaço vivido em que passei maus momentos quer em jornalismo de investigação (Caso de Notas Falsas, em Angola para o jornal A Palavra quer em situações de guerrilha urbana no conflito armado entre Unita e MPLA, no Huambo) que me dá o direito de espoletar um assunto que considero importante dar à estampa sobre o que se está a passar, principalmente no que concerne à tendência de se pretender coarctar a liberdade de expressão numa época em que, por exemplo neste dia, um relatório do Comité de Protecção aos Jornalistas (CPJ) nos diz que 347 jornalistas foram assassinados e que apenas foram detidos os autores de 26 dessas situações, sem que se tivessem punido os autores desses crimes. Note-se que 55 desses casos ocorreram em frentes de guerra e de tiroteios. Os restantes foram casos de represálias pelo trabalho desenvolvido, com ameaças prévias. Ainda segundo este relatório, os países onde ocorreram estes crimes (1993 a 2003) são a Argélia, Serra Leoa, Iraque, Colômbia, Jugoslávia, Rússia, Ruanda e Índia.

Mais vítimas no Iraque e Filipinas

Perante este panorama e sobre a polémica gerada, há tempo, no Brasil com a ideia de se implantar o Conselho Nacional (Federal) de Jornalismo. Mas, antes, quero aqui recordar o que só no dia de hoje ocorreu no Mundo, e que consegui confirmar através de pesquisas noticiosas de agências: No Iraque o jornalista inglês que estava detido como refém foi libertado, depois de ter passado maus bocados; ainda No Iraque, esta manhã, no centro de Nassíria, Micah Garen, norte-americano, director do Four Cornners Media que estava a realizar uma reportagem sobre locais arqueológicos, foi baleado; nas Filipinas, um repórter de 27 anos, Jonathan Abayon, foi baleado e morreu, sendo o quinto jornalista assassinado este ano e o 44º a ser morto desde 1986, após o restabelecimento da democracia nas Filipinas, facto que originou a possibilidade de as autoridades filipinas passarem a dar protecção policial e direito de porte de arma aos repórteres. Não esquecendo mas apenas por não ser oportuno não me refiro a casos do jornalismo português e angolano que eu sei. Não faltarão momentos mais adequados para deles falar. Vamos, então ao caso acima referido e diz respeito à polémica brasileira sobre o CNJ.
Um bando de covardes

E minha atenção despertou com um rompante tido pelo presidente do Brasil, Lula da Silva, que dirigindo-se a meus colegas brasileiros usou termos que, pelo mínimo, são ofensivos. Disse o presidente depois de assunto ter sido discutido: Vocês são um bando de covardes mesmo, né? Vocês não tiveram coragem de defender o Conselho Nacional de Jornalismo! originando este diálogo: - Mas a gente tem de defender? indagou um jornalista - É lógico. Cadê a posição classista de vocês? Não é uma coisa boa para vocês? perguntou Lula, e rematou: - O conselho é uma reivindicação histórica dos jornalistas. Para o Governo o que importa é fazer as coisas que a categoria entenda que seja boa para ela. Sem querer o pé em ceara alheia, e só por se tratar de um tema de luta de classe, eu estou aqui. Pesquisei. Se o fiz no sítio certo, não tenho certeza. Não estou bem identificado com meandros político-jornalísticos brasileiros. Eis, no entanto, alguns aspectos encontrados, com declarações de personalidade que merecem credibilidade: Dr. Luiz Martins da Silva, vice-director da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, é favorável a criação do CFJ: dizer que o CFJ vai tirar a liberdade de imprensa é uma afirmação tendenciosa para rejeitar a ideia. A ideia de criar o CFJ não foi iniciativa do Governo Lula, que apenas encaminhou ao Congresso Nacional uma antiga reivindicação da categoria, que, em Abril, entregou ao Governo um ante-projecto de lei por intermédio da Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais (FENA). Aquele docente, acrescentou: É importante esclarecer que este Conselho não é do Lula e nem da ala estalinista do Governo. Este Conselho é uma reivindicação da própria categoria. E porque precisava de algo mais que pudesse contrapor as posições já aqui referidas, no site brasileiro O Jornalista, repesquei algumas referências ao assunto que nos deixam mais identificados com a questão dos meus colegas brasileiros. Aqui ficam, sem minha interferência, e com rigor textual: O Jornalista" foi o primeiro veículo a informar que o presidente Lula iria assinar, que assinou e, que estava mandando para o Congresso Nacional projeto propondo a criação do Conselho Federal de Jornalismo. Escrevemos a notícia com muita alegria. Afinal, a profissão de jornalista no Brasil virou uma enorme bagunça. Não sabíamos se aplaudíamos ou se escrevíamos.
Bagunça virou a nossa profissão

O Jornalista defende a existência de uma entidade que tire do Estado o poder de conceder o registro profissional de jornalista e passe a fiscalizar o exercício da profissão, principalmente para evitar o exercício ilegal e a exploração, que hoje é escandalosa, do profissional de imprensa. Sem falar na necessidade de acompanhamento e fiscalização das centenas e centenas de faculdades de comunicação, que se proliferaram sem nenhum controle digno do nome. O Jornalista conversou com vários colegas nos últimos dias e ouviu até de lideranças da FENAJ, que o projecto pode e deve ser aperfeiçoado. O que não podemos é jogar fora a água da banheira com o bebê junto, a pretexto de sermos os defensores da liberdade. Precisamos separar o joio do trigo. Esperamos que o debate leve a isto. O Jornalista está sempre de portas abertas a todos que defendam a liberdade, mas não aceitamos a pretexto disto reduzir o debate sobre a bagunça que virou a nossa profissão e que só beneficia a uns poucos, que preocupados apenas com seus interesses particulares se lixam para a liberdade e para um jornalismo de qualidade.Confesso que sou contra textos de editorial com mais de 2.000 caracteres. Mas aqui, é só uma questão de título e de assumir responsabilidade por este post Me desculpem os leitores por tão extensa prosa. E já agora para terminar, invoco uma afirmação que li não me lembro onde, de Alexander Goulart: É cada vez mais evidente que o jornalismo tem por aparência a comunicação e o compromisso com a verdade, mas em essência é relação de poder. É por isso que o jornalista e a própria mídia se transformaram nos profetas do acontecido, ou seja, falam daquilo que já está exposto, que não pode mais ser ignorado. A novidade, a informação realmente importante e de interesse público, permanece escamoteada, protegida por um poder que distorce a realidade e cria uma série de imaginários E já agora, algo passado comigo próprio, no conturbado período que antecedeu a independência de Angola (minha terra) quando algumas verdades tinham que ser ditas, fazendo apologia dos interesses do povo. Um amigo português, como me advertindo de perigo me perguntou: - Tu abordas abertamente assuntos que mexem e envolvem gente importante e incomodam outros tantos. Não tens medo? Respondi e repito hoje e aqui: - Meu trabalho é divulgar, falando ou escrevendo, o que vejo, o que oiço e o que sinto. O espaço que meus suportes me concedem na rádio e jornais são para isso. Isto não é estudo de mercado, nem jogo da cabra cega. A minha postura é esta, nasci com ela e não quero nem posso mudá-la. Determinação, personalidade e postura profissional é assim: ou se tem ou não se tem.Censura? Camuflada? NÃO! NUNCA MAIS! BAGUNÇA? NÃO!