SER OU NÃO SER MAQUINISTA
SER HOMEM E DEIXAR DE FUMAR
Cada dia que passa não passo de mais um homem de promessas: Fico de cara à banda, arrependendo-me de andar a entusiasmar-me com as promessas feitas a amigos e quando chega a hora de as cumprir, olhem... bem, o melhor é ficar calado mesmo. Provavelmente, sim provavelmente. nem todos os meus visitantes entendem ao que me refiro. Outros, sim e devem estar a pensar que eu vou mesmo faltar à promessa. Àqueles eu digo que me refiro em dar continuidade ao prometido em um post anteior com o mesmo título [umbigo]; a estes, confirmo e vou cumprir e contar o que me ocorrer neste momento, duma época muito proxima daquela em que meu Pai me "meteu na linha". Meados de 1936/38.
Mas, antes olhem essa imagem que eu encontrei no Google: A baía de Luanda (1908) com a Fortaleza de S. Miguel no morro - hoje ainda lá -, d'onde os holandezes foram corridos pelo Almirante brasileiro Salvador Correia de Sá e Benevides e que mais tarde, na era colonial portuguesa, foi usada como degredo de criminosos enviados de Portugal. Por perto, depois das sete da noite, ninguém se atrevia a passar. Então chamava-se DDA - Depósito de Degredados de Angola.
Creio que o fato de meu Pai trabalhar no Montepio Ferroviário e nossa casa ficar pertinho de principal estação de Caminho de Ferro, em Luanda (nessa altura escrevia-se Loanda, com "o") eu tinha uma propensão para as locomotivas e adorava ir brincar nas maquinas velhas e ouvir os apitos diferentes que cada maquinista dava para avisar da chegada... com a malta a adivinhar quem era o maquinista que vinha lá:
- Olha é o Mogas que vem de Malange... piiiii! pii! piiiuu! piu! Engraçado esse tocar que o Mogas fazia para dizer à mulher que estava chegando... Eu ficava maravilhado e sempre que podia lá ia até à zona das máquinas avariadas e nelas me sujava todo. Claro, ao chegar a casa levava uns tabefes da minha Mãe, pois parecia mesmo um carvoeiro. Bem dados. Estava mesmo convencido que havia de ser maquinista ou aviador... (Aviador ... Escrevendo estou me rindo, lembro-me de uma das minhas maiores peripécias... mas isso foi já em 1949.. em Benguela, depois conto). Por agora fico pelos tabefes da minha "velhota". De tantos levar acabei por não ir mais brincar nas máquinas, no intervalo das aulas. Então, só queria ser homem e crescer. Acho que sempre tive inclinação para ser adulto depressa. E fui, mesmo. Nesta cadência e querer desejava entrar para o grupo dos mais velhos, onde meu irmão já andava. Queria ouvir as estórias que o Semião contava. Ele tinha 19 anos... e falava muito bem. Era filho da Dona Rosária, uma senhora que fazia um doces de coco que eu roubava quando ia lá a casa dela... com o pretexto de visitar o filho, o Nado, surdo-mudo, que fazia trabalho de sapateiro. Boa senhora. Ela sabia que era eu que "fanava" os doces, mas não dizia nada e eu toca a abusar. E foi neste ambiente que me aconteceu uma das maiores desgraças da minha vida. O querer entrar no grupo, obedecia a praxes. A pior de todas era ser fumador. Que remédio.. aceitei. Então deram-me um cigarro (Francesinhos nr.1) aceso. Chupa e engole o fumo... vai... agora, toma bebe a água que está no copo sem deitar fora o fumo e sem respirar. Vai... agora sim... respira. RESPIREI... e vomitei! Caí de lado, qual rua helicoidal, fugi para casa. As gargalhadas foram muitas. E ecoaram até entrar em casa. Malditos! Fiquei marcado e queria desistir mas a vontade de ser homem era muita e voltei e fiquei, fiquei até ficar com o vício. Tinha sete anos... aos 60 fumava quatro maços por dia e aos 61 apanhei um susto tão grande que, de um dia para o outro, deixei de fumar. Hoje, ano de 2006, sinto-me outro. Há 14 anos que não fumo. Rescaldo: diariamente: 4 inalações de Miflonide e Formoterol.
Aproveito esta oportunidade para dizer aos fumantes que me leem: DEIXEM O CIGARRO QUANTO ANTES,,, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS! Cada cigarro fumado, representa um prego para caixão. Vá lá... Façam como eu: apenas é preciso ter dignidade, força de vontade e acreditar que não há impossíveis, e que uma das piores coisas que pode acontecer a um fumante... é ter falta de ar. Pior do que cair de um arranha-céus. Podem crer.
Mas, antes olhem essa imagem que eu encontrei no Google: A baía de Luanda (1908) com a Fortaleza de S. Miguel no morro - hoje ainda lá -, d'onde os holandezes foram corridos pelo Almirante brasileiro Salvador Correia de Sá e Benevides e que mais tarde, na era colonial portuguesa, foi usada como degredo de criminosos enviados de Portugal. Por perto, depois das sete da noite, ninguém se atrevia a passar. Então chamava-se DDA - Depósito de Degredados de Angola.
Creio que o fato de meu Pai trabalhar no Montepio Ferroviário e nossa casa ficar pertinho de principal estação de Caminho de Ferro, em Luanda (nessa altura escrevia-se Loanda, com "o") eu tinha uma propensão para as locomotivas e adorava ir brincar nas maquinas velhas e ouvir os apitos diferentes que cada maquinista dava para avisar da chegada... com a malta a adivinhar quem era o maquinista que vinha lá:
- Olha é o Mogas que vem de Malange... piiiii! pii! piiiuu! piu! Engraçado esse tocar que o Mogas fazia para dizer à mulher que estava chegando... Eu ficava maravilhado e sempre que podia lá ia até à zona das máquinas avariadas e nelas me sujava todo. Claro, ao chegar a casa levava uns tabefes da minha Mãe, pois parecia mesmo um carvoeiro. Bem dados. Estava mesmo convencido que havia de ser maquinista ou aviador... (Aviador ... Escrevendo estou me rindo, lembro-me de uma das minhas maiores peripécias... mas isso foi já em 1949.. em Benguela, depois conto). Por agora fico pelos tabefes da minha "velhota". De tantos levar acabei por não ir mais brincar nas máquinas, no intervalo das aulas. Então, só queria ser homem e crescer. Acho que sempre tive inclinação para ser adulto depressa. E fui, mesmo. Nesta cadência e querer desejava entrar para o grupo dos mais velhos, onde meu irmão já andava. Queria ouvir as estórias que o Semião contava. Ele tinha 19 anos... e falava muito bem. Era filho da Dona Rosária, uma senhora que fazia um doces de coco que eu roubava quando ia lá a casa dela... com o pretexto de visitar o filho, o Nado, surdo-mudo, que fazia trabalho de sapateiro. Boa senhora. Ela sabia que era eu que "fanava" os doces, mas não dizia nada e eu toca a abusar. E foi neste ambiente que me aconteceu uma das maiores desgraças da minha vida. O querer entrar no grupo, obedecia a praxes. A pior de todas era ser fumador. Que remédio.. aceitei. Então deram-me um cigarro (Francesinhos nr.1) aceso. Chupa e engole o fumo... vai... agora, toma bebe a água que está no copo sem deitar fora o fumo e sem respirar. Vai... agora sim... respira. RESPIREI... e vomitei! Caí de lado, qual rua helicoidal, fugi para casa. As gargalhadas foram muitas. E ecoaram até entrar em casa. Malditos! Fiquei marcado e queria desistir mas a vontade de ser homem era muita e voltei e fiquei, fiquei até ficar com o vício. Tinha sete anos... aos 60 fumava quatro maços por dia e aos 61 apanhei um susto tão grande que, de um dia para o outro, deixei de fumar. Hoje, ano de 2006, sinto-me outro. Há 14 anos que não fumo. Rescaldo: diariamente: 4 inalações de Miflonide e Formoterol.
Aproveito esta oportunidade para dizer aos fumantes que me leem: DEIXEM O CIGARRO QUANTO ANTES,,, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS! Cada cigarro fumado, representa um prego para caixão. Vá lá... Façam como eu: apenas é preciso ter dignidade, força de vontade e acreditar que não há impossíveis, e que uma das piores coisas que pode acontecer a um fumante... é ter falta de ar. Pior do que cair de um arranha-céus. Podem crer.