SONHAR COM O PASSADONa vanguarda dos musseques
Há coisas na vida das pessoas que, por mais que se esforcem, não conseguem evitar reviver. Evitar, porque outras coisas que ocorem na mesma hora, se sobrepõem e quase obrigam a demarcar para outro lado. Entre estas coisas, comigo, que me considero uma pessoa, tudo quanto esteja ligado a ANGOLA MINHA TERRA NATAL, me seduz e galvaniza os pensamentos.
Quando isto acontece e se agregam imagens da minha infância, eu equaciono a vida em parâmetros devididos pela linha do Equador, ontem e hoje, Lá (Angola) e cá (Portugal). Qual avalancha de recordações. Ligeiras e sobrecarregadas de alguns dramas defíceis de esquecer. Hoje, foi a casual navegação na net, na consulta de minha caixa de correio, onde encontrei um alerta sobre Agostinho Neto, que a Google me mandou. Abri a notícia e o assunto era simplesmente Bairro Operário (BO) de Luanda, actual, evocados por seculos (nossos mais velhos) que, entre o passado e o presente evocaram a vinculação do nome de AGOSTINHO NETO, ao BO, bairro periférico de Luanda , onde o fundador da Nação, exerceu medicina durante largos anos e, ali, também desenvolveu primeiros passos clandestinos para a formação do MPLA, que mais tarde seria a bandeira da independência de Angola.
Li o trabalho magnífico, assinado por ROSALINA MATETA, publicado pelo Jornal de Angola. Bairro Operário, para mm encena quadros da minha vida e de garoto malandreco. Quando ainda estudante, aos domingos à tarde, eu percorria as bonitas ruas de areia encarnada batida do BO, no carro do Ribeiro (Chiguiço) na procura de namoradas... e elas saracoteavam pelas bermas junto ao casario de pau a pique ou de madeira. Algumas prostitutas nos comprometiam nas intenções. Coisas de garoto, mal entendidas, mas desejadas para uma iniciação no pulo da corça. E isso aconteceu como um susto gostoso, inolvidável num fim-de-tarde, num incentivo da malta do Bungo, com quem eu andava e que me iniciou no vício de fumar.(ver umbigo 2). BO éra magia. Tradição. Cheirava a povo que queria ser povo e que sabia ser povo, convivendo numa harmonia típica entre gente de bem.
Hoje o BO já não é. É resto. Sobras de qualidade em extinção... com uma miscigenação acentuada, outrora inexistente. Os seculos (kotas) choram hoje na saudade de um passado diferente, mas não na saudade do tempo políticamente errado. BO , nesse tempo, era percorrido a tempo inteiro por um chefe de posto, alcunhado de POEIRA, que fazia rusgas , e ai daqueles que não tivesse imposto pago e cartão de trabalho assinado pelo patrão. Não...
Esta lenga-lenga veio a propósito do que atrás referi. Um artigo sobre o BO escrito por Rosalina Mateta. Vale a pena conhecer algo actual. Fica aí o link para clicar.
Apesar de toda a "limpeza" urbanística já efectuada, existem bairros antigos, como o bairro Operário, que continuam na vanguarda dos musseques, como que querendo enternizá-los. O BO, como pioneiro dos bairros suburbanos de Luanda, encerra uma história que já foi cantada, escrita e contada. Porém, nunca de uma forma acabada. Como parcela que tem uma história muito própria, continua a despertar amores e desamores. Leia algo mais
Quando isto acontece e se agregam imagens da minha infância, eu equaciono a vida em parâmetros devididos pela linha do Equador, ontem e hoje, Lá (Angola) e cá (Portugal). Qual avalancha de recordações. Ligeiras e sobrecarregadas de alguns dramas defíceis de esquecer. Hoje, foi a casual navegação na net, na consulta de minha caixa de correio, onde encontrei um alerta sobre Agostinho Neto, que a Google me mandou. Abri a notícia e o assunto era simplesmente Bairro Operário (BO) de Luanda, actual, evocados por seculos (nossos mais velhos) que, entre o passado e o presente evocaram a vinculação do nome de AGOSTINHO NETO, ao BO, bairro periférico de Luanda , onde o fundador da Nação, exerceu medicina durante largos anos e, ali, também desenvolveu primeiros passos clandestinos para a formação do MPLA, que mais tarde seria a bandeira da independência de Angola.
Li o trabalho magnífico, assinado por ROSALINA MATETA, publicado pelo Jornal de Angola. Bairro Operário, para mm encena quadros da minha vida e de garoto malandreco. Quando ainda estudante, aos domingos à tarde, eu percorria as bonitas ruas de areia encarnada batida do BO, no carro do Ribeiro (Chiguiço) na procura de namoradas... e elas saracoteavam pelas bermas junto ao casario de pau a pique ou de madeira. Algumas prostitutas nos comprometiam nas intenções. Coisas de garoto, mal entendidas, mas desejadas para uma iniciação no pulo da corça. E isso aconteceu como um susto gostoso, inolvidável num fim-de-tarde, num incentivo da malta do Bungo, com quem eu andava e que me iniciou no vício de fumar.(ver umbigo 2). BO éra magia. Tradição. Cheirava a povo que queria ser povo e que sabia ser povo, convivendo numa harmonia típica entre gente de bem.
Hoje o BO já não é. É resto. Sobras de qualidade em extinção... com uma miscigenação acentuada, outrora inexistente. Os seculos (kotas) choram hoje na saudade de um passado diferente, mas não na saudade do tempo políticamente errado. BO , nesse tempo, era percorrido a tempo inteiro por um chefe de posto, alcunhado de POEIRA, que fazia rusgas , e ai daqueles que não tivesse imposto pago e cartão de trabalho assinado pelo patrão. Não...
Esta lenga-lenga veio a propósito do que atrás referi. Um artigo sobre o BO escrito por Rosalina Mateta. Vale a pena conhecer algo actual. Fica aí o link para clicar.
Apesar de toda a "limpeza" urbanística já efectuada, existem bairros antigos, como o bairro Operário, que continuam na vanguarda dos musseques, como que querendo enternizá-los. O BO, como pioneiro dos bairros suburbanos de Luanda, encerra uma história que já foi cantada, escrita e contada. Porém, nunca de uma forma acabada. Como parcela que tem uma história muito própria, continua a despertar amores e desamores. Leia algo mais