terça-feira, novembro 14, 2006



ESCURIDÃO

Caminhando lento, sem rumo a não ser chegar sempre mais à frente. Sem explicação. Acontece ver no escuro e sentir toques neste ambiente fantasmagórico, fragmentado de cumprimentos invisíveis e visões invisíveis. Uma mão que estende uma garrafa branca e azulada com líquido branco espesso, oferecido gratuitamente e de gargalo junto de lábios secos desejosos de matar a sede que a escuridão – o medo, quem sabe -, sugere como linitivo para mitigar os desejos de refrescar os lábios quase gretados, que vivem a mesma escuridão de um caminhar estranho.
Passos seguros quase sem tocar o chão escorregadio do túnel. Sem Norte nem Sul, o corpo segue calmo. Bem queria saber onde estava o aonde. Quero beber e a mão me ofereceu, apenas, uma gota. Também mais não era preciso. Fora suficiente para revitalizar o caminhar. A cadência aumentou na ânsia de chegar depressa lá aonde tudo era o desejo de chegar. Cansado. Fadiga com olhos côncavos sulcados pelas lágrimas do desespero. O fim cada vez mais longe… longe… longe sem reflexos mas dando ideia de fantasmas felizes caminhando para sítio certo sem destino. Na casualidade dos passos que haviam de se cansar de calcorrear no escuro do além sem nome, desconhecido mas sonhado.
POR QUÊ? MÃE, PRECISO DE TI! ONDE ESTÁS TU? ONDE ESTÁ A JUSTIÇA? VINGANÇA É PECADO... MEU DEUS... NÃO QUERO SER PECADOR... EU AMO E QUEM AMA NÃO PODE ODIAR NADA... NÃO SEI...