quarta-feira, dezembro 17, 2008

CHAM'2009
A felicidade dos Chipolopolo
no falso domínio dos Palancas
Honorato Silva (Jornal de Angola)
Os números globais da eliminatória espelham a supremacia dos Chipolopolo sobre os Palancas Negras. O agregado de 3-1, no somatório das duas mãos, deita por terra a tese defendida por Mabi de Almeida, seleccionador nacional, que atribui o êxito do adversário à sorte.É verdade que os Palancas Negras conseguiram, em Chingola, ser diferentes para melhor, em relação à pálida imagem patenteada na Cidadela, onde foram superados pelos zambianos, que souberam explorar a vaidade do adversário, cujos jogadores clamavam por férias.No entanto, a vontade de vencer o jogo fora de portas e, consequentemente, chegar à fase final do inovador CHAN, prova reservada aos jogadores que actuam nos campeonatos dos respectivos países, foi inferior à capacidade futebolística dos Palancas Negras.Dizer que a Zâmbia passou a eliminatória pelo simples factos de ter tido a sorte do seu lado macula uma conquista bem merecida, na medida em que a equipa vencedora foi quem mais fez para estar na prova a ser organizada pela Cote d’Ivoire, no início do ano.Em vez de desvalorizar o feito alheio, Mabi de Almeida deve mas é olhar para o seu balneário, de modo a encontrar as razões do fracasso, porque em campo os Palancas Negras foram tristes e impotentes, diante de um opositor que demonstrou sempre maturidade competitiva, até nos momentos em que o curso do jogo lhe foi desfavorável.A atribuição do desaire aos caprichos da sorte é uma clara demonstração de falta de “fair-play” do seleccionador nacional, que se revelou incapaz de identificar e a seguir explicar os erros cometidos pelos jogadores angolanos, quer ao longo da preparação, quer na discussão da eliminatória.O banho de bola que as Honras apanharam dos Sub-20, no ensaio da primeira mão, foi um presságio do seu insucesso. A versão doméstica equipa nacional não teve o mínimo pejo na publicitação das fraquezas. A Selecção Nacional nunca conseguiu ser uma equipa completa frente à congénere zambiana. Mabi de Almeida teve em campo, nos dois jogos, um grupo desventrado. Enquanto a defesa e o meio-campo tentaram dissimular a existência de algum entrosamento entre os sectores, as unidades do ataque fizeram questão de expor as insuficiências do grupo.Em resumo, os Palancas Negras foram vítimas de uma falsa hegemonia do futebol angolano em relação ao zambiano. Por vaidade e excesso de confiança, treinadores e atletas não se deram conta de que a última barreira na caminhada para o CHAN era a Zâmbia, país que leva uma vantagem considerável sobre Angola no confronto directo.Agora, consumado o afastamento, que traz como consequência imediata a perda de um palco para avaliar e potenciar os jogadores do Girabola, visando a disputa da Taça das Nações que o país vai albergar em 2010, Mabi de Almeida deve preparar e assumir a ruptura com vícios arreigados durante o reinado de Oliveira Gonçalves. Terá de acabar com os lugares cativos, porque a selecção é o conjunto dos melhores do momento.