sábado, outubro 21, 2006



VAMOS PAGAR À MESMA

Desde os meus tempos de escola que, entre outras aversões, a matemática a álgebra e o dr. Coimbra (professor de matemática) ocupam os primeiros lugares de uma lista um pouco mais extensa.
Lembro-me desta particularidade para justificar o não ter feito a contabilidade ao caos que nos espera com o aumento do preço da electricidade. Um assunto que ontem foi aqui referido,
Contudo, dentro dos limites dos meus saberes, tenho uma opinião muito própria, formada após ter sabido pela imprensa que foi feita uma redução para mais de metade à percentagem (15%) inicialmente pretendida. Este facto levou muita gente a formar conclusões de alegria generalizada, reflectida nos principais jornais lusos de uma forma contagiante, que eu não consegui evitar. Títulos e textos deram a ideia de se ter ganho uma guerra, uma revolução. Mas, quando comecei a ler e a reler, desatei a pensar, seriamente, no assunto e sob minha inteira responsabilidade. Discuti comigo próprio, tirei conclusões várias - com base nas opiniões de jornalistas especializados na matéria - e, acabei, dentro das minhas modestas contabilidades, por não perceber qual das duas conclusões a que cheguei, estará certa:

• Já não vamos pagar a tal dívida que nos seria cobrada em 5 anos?
• Ou, vamos pagar mesmo, com a grande alegria de se ter obrigado o governo a conseguir a redução de 15 para 6 por cento?

Ou eu sou um grande matumbo (estúpido) ou, francamente, tenho a mania de que sei mais do que os outros e não chegou a nehuma destaa duas conclusões, mas, fico muito admirado como é que, por exemplo, o director do jornal 24 horas - que eu admiro pelo jornalismo audacioso que pratica e defende – também se manifestou satisfeito e vitorioso neste assunto. Seja atrevimento ou não, eu não estou nada satisfeito e até continuo a ficar muito contrariado por ir pagar 6 por cento de uma dívida que não fiz, com o acréscimo de uma parcela na minha factura de electricidade onde já constam parcelas suficientes a sacar do insuficiente salário que usufruo, entre as quais uma das que mais me contraria pagar é a taxa de radiodifusão, quando na verdade a maioria dos consumidores ouvem a TSF e a Renascença – e andamos a pagar ordenados chorudos a directores da RDP e … muito mais. Não estou satisfeito, por num simples cálculo (não me falem em matemática) vejo a questão deste modo:
O valor determinado como sendo o total da dívida, em princípio, iria ser pago pelos consumidores no prazo de 5 anos com o aumento de 15 por cento; agora, irão pagar o mesmo total da dívida (sem redução) em prestações de 6 por cento (em vez de 15) mas em 10 anos, prazo que duplicou. Pergunto? Onde está o benefício dos consumidores? Vão pagar (vamos pagar) o mesmo ou ainda mais, porque, entretanto, até 2016, não faltarão (outras espertezas...oportunismos) oscilações nos valores energéticos que irão reflectir-se na factura da electricidade, além dos bens de consumo essenciais que subirão de preço. Que juros, meus senhores!!!
Francamente, eu peço e agradeço uma explicação para que eu possa entender onde está a euforia por se “ter conseguido vergar o governo a baixar a percentagem das prestações” – e me ensinem como é que se fazem as contas certas, para eu não morrer matumbo.
Nota final : Um aceno ao secretário de Estado adjunto da Indústria e Energia e Inovação, António Castro Guerra - engenheiro da “bronca” que gerou este problema -, pelo facto de ter tido coragem de reconhecer o erro que cometeu. Foi um acto singular merecedor de referência, aqui, onde ontem eu me insurgi contra a sua posição neste melindroso caso. Deu um excelente exemplo aos seus colegas do PS e do Governo. – Carlos Pereira