O PIOR DA DOENÇA É A IMPESSOALIDADE, A QUE ELA NOS CONDUZ SEM NENHUMA ESPÉCIE DE VONTADE PRESERVADA - QUANTO À INTIMIDADE, DEVASSADA POR DENTRO E POR FORA NEM É BOM FALAR NISSO - O INDIVÍDUO SENTE-SE APENAS UM MANEQUIM DORIDO, QUE MÃOS ESTRANHAS OU FAMILIARES MANOBRAM COM DOÇURA DE UMA PACIÊNCIA EXAUSTA.
[ Miguel Torga - Diário - VIII ]
[ Miguel Torga - Diário - VIII ]
EPISÓDIO TRÊS
ESTA É UMA ESTÓRIA DE FICÇÃO QUE PODE CONTER CENAS EXPLÍCITAS, ASNEIRAS IMPENSÁVEIS, VÍRGULAS FORA DO SÍTIO, SINTAXES DISCUTÍVEIS, ONDE QUALQUER SEMELHANÇA COM NOMES, SIGLAS, INSTITUIÇÕES, FACTOS DA VIDA REAL É PURA COINCIDÊNCIA.
oooOOOooo
oooOOOooo
Terça-feira, da mesma semana, ao bater das 14h00:
Presenciei num monitor, através uma nesga de cortina que me separava da equipa médica chefeada pelo dr. Gomes, a toda a intervenção cirúrgica feita pelo meu médico urologista dr. Miguel Lourenço. Nada percebendo, apenas procurava entender aquelas imagens vermelhas e pretas captadas dentro de meu corpo, as raspadelas que minha próstata estava sofrendo. Apenas curiosidade de ver e procurar entender, porque sentir... estava anestesiado localmente. A propósito: mais uma vez não tive sorte com a anestesista. Dobrado para a frente, as três primeiras picadas na espinha foram certeiras e apenas a sensação desagradável da picada em si. O pior foi quando a picada foi fora do sítio e que - suponho eu - apanhou um nervo.
Uma dor tremenda na perna direita e a sensação muito desagradável de que tinha apanhado um choque eléctrico e a perna tinha saltado do corpo. Mas não ficou qualquer dor... foi momentâneo. Depois disso, foi a parte chata de me sentir partido pela cintura. Para baixo não existia mais... estava anestesiado e para cima, era eu mesmo.
Estava atingido e concluído o objectivo da minha presença no bloco operatório. Mudando para a mesma cama - a tal que me fez lembrar o homem dos sorvetes - fiquei numa sala contígua, como mandam as boas regras, esperando que meu eatado fisico e psíquico voltasse ao normal. Aconteceu ao romper da tarde. De novo na sala pós-operatória, arremessei-me como foi possível para o mundo de Morpheu. Adormeci e já não sei se sonhei... sinceramente creio que entrei em um espaço esquisito, onde flutuava e onde estava exposto a rajadas de vento que me balanceavam docemente. Estava longe da realidade... eu queria estar perto de alguém, que me fizesse carícias. ( CONTINUA )
Uma dor tremenda na perna direita e a sensação muito desagradável de que tinha apanhado um choque eléctrico e a perna tinha saltado do corpo. Mas não ficou qualquer dor... foi momentâneo. Depois disso, foi a parte chata de me sentir partido pela cintura. Para baixo não existia mais... estava anestesiado e para cima, era eu mesmo.
Estava atingido e concluído o objectivo da minha presença no bloco operatório. Mudando para a mesma cama - a tal que me fez lembrar o homem dos sorvetes - fiquei numa sala contígua, como mandam as boas regras, esperando que meu eatado fisico e psíquico voltasse ao normal. Aconteceu ao romper da tarde. De novo na sala pós-operatória, arremessei-me como foi possível para o mundo de Morpheu. Adormeci e já não sei se sonhei... sinceramente creio que entrei em um espaço esquisito, onde flutuava e onde estava exposto a rajadas de vento que me balanceavam docemente. Estava longe da realidade... eu queria estar perto de alguém, que me fizesse carícias. ( CONTINUA )
NOTA - Como ao fim-de-semana, minhas obrigações profissionaos ocupam todo meu tempo, não sei se o Episódio 4, será editado esta semana. Caso isso aconteça, só na próxima quarta-feira poderei editar. BOM FIM-DE-SEMANA PARA TODOS. Fica a promessa de que divulgarei os resultados dos jogos da Liga Portuguesa e do Girabola Angolano, em tapete rolante.