O PIOR DA DOENÇA É A IMPESSOALIDADE, A QUE ELA NOS CONDUZ SEM NENHUMA ESPÉCIE DE VONTADE PRESERVADA - QUANTO À INTIMIDADE, DEVASSADA POR DENTRO E POR FORA NEM É BOM FALAR NISSO - O INDIVÍDUO SENTE-SE APENAS UM MANEQUIM DORIDO, QUE MÃOS ESTRANHAS OU FAMILIARES MANOBRAM COM DOÇURA DE UMA PACIÊNCIA EXAUSTA.
[ Miguel Torga - Diário - VIII ]
[ Miguel Torga - Diário - VIII ]
QUINTO EPISÓDIO
ESTA É UMA ESTÓRIA DE FICÇÃO QUE PODE CONTER CENAS EXPLÍCITAS, ASNEIRAS IMPENSÁVEIS, VÍRGULAS FORA DO SÍTIO, SINTAXES DISCUTÍVEIS, ONDE QUALQUER SEMELHANÇA COM NOMES, SIGLAS, INSTITUIÇÕES, FACTOS DA VIDA REAL É PURA COINCIDÊNCIA.
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Quinta-feira, da mesma semana:
Acordei completamente dominado por uma saudade latejante não sei por quê... nem consegui saber a que atribuir a nostalgia matinal que me fez ficar a meditar em coisas como as desgraças provocads pelo katrina, àquele povo americano - sei lá se é americano. Génesi de negro não é americana - na Los Ângeles dos maiores do JAZZ. Apanhados de surpresa porque o governo chefeado pelo sr. Bush (que estava gozando férias...) não providenciou a defesa dos habitantes daquela zona, que estava nas previsões meteorógicas de dias antes de ser absorvida pelo Katrina... fenómeno que o Governo americano ajudou a fomentar, pois não alinhou entre os que assinaram, o Protocolo de Quioto, que combate e previne a poluição da atmosfera (efeito de estufa). Muita gente não sabe, mas eu sei porque o sr, Bush não assinou o protocolo: é que ele, a família Bush, é dona da maior empresa petrolífera do Mundo (no Texas) onde estão as maiores reservas de petróleo a poluir, a cada minuto, a atmosfera. E ainda por cima, por ter sido atingida pelo drama natural, ainda teve a lata de pedir petróleio a países pobres, subdesenvolvidos... Caso para rir: o "donos do Mundo", a hegemonia que verga os joelhos perante os explorados...
Deculpem, oh gente boa que me lê! Quanto me revolto não consigo calar. Mas hoje acordei virado para o lado contrário. E agora lá vem o enfermeiro que nasceu na Serra da Estrela, de seringa em riste para espetar na minha barriga: -"é para prevenir a tombose" , ou o tétano - conversa estereotipada de enfermeiros. Todos os dias a mesma laracha. Levantei-me, puxei pelo "boby" e lá fui para a banhoca matinal, Pelo caminho cruzei-me com o enfermeiro Pereira (xará !!!) sempre marafalhento, risonho e predisposto a atender todas as situações, ou não fosse gente da minha laia. E, não podia passar sem largar uma das deles, não para mim, mas para um companheiro de caserna (desculpem.. de enfermaria, queria eu dizer). Ao deparar com o doente, passeando no corredor: "Oh, senhor Azevedo. Qué co senhor tá a fazer pô aqui? veraneando no Outono?". Rir é o melhor remédio.
Dei uma curva e entrei na casa de banho... com mil cuidados para não entalar o "boby". Num hospital tão grande, espectacular em quase todos os seus ângulos arquitectónicos, inaceitável é ter "duches" com 2 mts quadrados... bem, mas em contra-partida, a enfermatia 6, onde fiquei, tinha espaço para dar um bailarico privado. Sempre caminhando por ínvios pensamentos para esquecer o tormento de estar à espera da inverosímil alta médica.
Para desanuviar, valha a verdade, os menus são uma maravilha para serem servidos em hospital... pelo menos aos doentes que não estão afectos a problemas estomacais. Umas costeletas de cordeiro, bem temparadinhas acompanhadas de um souflé de batata e saladinha ou uma boa posta de cherne grelhada fizeram a delícia deste dia, agregado à simpatia e delicadeza de Maria João, da secção de alimetação e dietética, é um caso único da trupe hospitalar do quinto piso. Um caso ímpar na trupe hospitalar do quinto piso.
Meu dia acabou feliz, contrabalançando e nivelando minha disposição, ao saber que domingo, possivelmente me seria retirada a algália. Isto foi-me prometido pelo meu médico, quando se cruzou comigo no corredor. Ansioso por me ver livre do Boby estou eu... [ CONTINUA ]
Deculpem, oh gente boa que me lê! Quanto me revolto não consigo calar. Mas hoje acordei virado para o lado contrário. E agora lá vem o enfermeiro que nasceu na Serra da Estrela, de seringa em riste para espetar na minha barriga: -"é para prevenir a tombose" , ou o tétano - conversa estereotipada de enfermeiros. Todos os dias a mesma laracha. Levantei-me, puxei pelo "boby" e lá fui para a banhoca matinal, Pelo caminho cruzei-me com o enfermeiro Pereira (xará !!!) sempre marafalhento, risonho e predisposto a atender todas as situações, ou não fosse gente da minha laia. E, não podia passar sem largar uma das deles, não para mim, mas para um companheiro de caserna (desculpem.. de enfermaria, queria eu dizer). Ao deparar com o doente, passeando no corredor: "Oh, senhor Azevedo. Qué co senhor tá a fazer pô aqui? veraneando no Outono?". Rir é o melhor remédio.
Dei uma curva e entrei na casa de banho... com mil cuidados para não entalar o "boby". Num hospital tão grande, espectacular em quase todos os seus ângulos arquitectónicos, inaceitável é ter "duches" com 2 mts quadrados... bem, mas em contra-partida, a enfermatia 6, onde fiquei, tinha espaço para dar um bailarico privado. Sempre caminhando por ínvios pensamentos para esquecer o tormento de estar à espera da inverosímil alta médica.
Para desanuviar, valha a verdade, os menus são uma maravilha para serem servidos em hospital... pelo menos aos doentes que não estão afectos a problemas estomacais. Umas costeletas de cordeiro, bem temparadinhas acompanhadas de um souflé de batata e saladinha ou uma boa posta de cherne grelhada fizeram a delícia deste dia, agregado à simpatia e delicadeza de Maria João, da secção de alimetação e dietética, é um caso único da trupe hospitalar do quinto piso. Um caso ímpar na trupe hospitalar do quinto piso.
Meu dia acabou feliz, contrabalançando e nivelando minha disposição, ao saber que domingo, possivelmente me seria retirada a algália. Isto foi-me prometido pelo meu médico, quando se cruzou comigo no corredor. Ansioso por me ver livre do Boby estou eu... [ CONTINUA ]