O PIOR DA DOENÇA É A IMPESSOALIDADE, A QUE ELA NOS CONDUZ SEM NENHUMA ESPÉCIE DE VONTADE PRESERVADA - QUANTO À INTIMIDADE, DEVASSADA POR DENTRO E POR FORA NEM É BOM FALAR NISSO - O INDIVÍDUO SENTE-SE APENAS UM MANEQUIM DORIDO, QUE MÃOS ESTRANHAS OU FAMILIARES MANOBRAM COM DOÇURA DE UMA PACIÊNCIA EXAUSTA.
[ Miguel Torga - Diário - VIII ]
[ Miguel Torga - Diário - VIII ]
EPISÓDIO QUATRO
ESTA É UMA ESTÓRIA DE FICÇÃO QUE PODE CONTER CENAS EXPLÍCITAS, ASNEIRAS IMPENSÁVEIS, VÍRGULAS FORA DO SÍTIO, SINTAXES DISCUTÍVEIS, ONDE QUALQUER SEMELHANÇA COM NOMES, SIGLAS, INSTITUIÇÕES, FACTOS DA VIDA REAL É PURA COINCIDÊNCIA.
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Quarta-feira, da mesma semana:
O Sol abriu cedo e um dos meus companheiros de enfemaria (éramos quatro) madrugador, resolveu abrir o estor e lixou-me com uma rajada solarenta que nada me agradou. Detesto acordar antes das oito - quando estou no hospital, claro -, e o gajo me acordou às 6 da matina. Sacana! Bem, suportei pianinho, virei as costas, ajeite tudo dos soros, analgésicos e tubos e fios que me se enrolavam pelo meu corpo e ajeitei com maior cuidado o "boby". Explico o que é que nos hospitais chamam de BOBY. Como medida adequada à situação clínica, em urologia, é introduzida uma algália (não confundir com oa gatos-de-algália ...- felinos selvagens) no pénis do homem para facilitar a drenagem da urina e do sangue para um saco colector, com sistema portátil e uma base em metal para assegurar a colocação correcta no chão e evitar qualquer tipo de contacto da torneira com o chão e evitar infecção.
O "tubo", semelhante ao da imagem ao lado, é comprido para permitir que o doente possa movimentar-se, tomar banho e andar para que não fique retido na cama. O facto de ter de se andar agarrado sempre ao tubo e ao colector (lembrado a trela a uma cadelinha) que alguém se lembrou de chamar "BOBY". Bem, eu não sou nada entendido nestas coisas e não tenho razão de queixa de nada sobre a minha hospitalização no HAS, mas curioso como sou li algumas coisas sobre a algaliação, e posso afirmar que certas normas que oferecem mais comodidade, segurança e defesa de infecção urinária, não são consideradas naquele hospital, onde os métodos são cumpridos e nem todos os enfermeiros ou auxiliares têm paciência para com os doentes. Compreendo. Urologia exije sacrifícios e preparação especial para lidar com situações complicadas e por vezes difíceis de encarar. Vivi uma dessas situações. Eu sei compreender os outros. Mas, nestas coisas, há sempre o lado oposto que é aquele em que alguns enfermeiros sabem criar boa disposição aos doentes e estão sempre a falar e a procurar uma relação amistosa.
Aconteceu isso, com um dos enfermeiros, a calma em pessoa, a andar, a falar e até a olhar nossos olhos, por cima das lentes penduradas na ponta do nariz... ou não tivesse ele nascido onde a linha do Equador passa (S.Tomé). Esta é a prova:
Um dos acamados, cerca de 50 anos de idade, pessoa de costumes e hábitos ... pegou no telemóvel (celular) na enfermaria onde é expressamente proibido usar esse aparelho, devido à instalação de aparelhagem de alta precisão a que o doente está conectado para estabilizar a normalidade funcional da pessoa (tensão arterial, etc.), e na ocasião entrou o amigo enfermeiro e topando a coisa deu uma de brincadeira:
- "Hei, que é isso! Delligue isso antes que provoque aqui uma explosão que vamos todos visitar os anjinhos".
O homem atirou o telemóvel para o chão... aflito e mais pálido do que um japonês sobrevoando Pearl Harbor, e, nós outros da enfermaria, quase rebentámos com os pulmões à gargalhada.[ CONTINUA QUINTA-FEIRA].
O "tubo", semelhante ao da imagem ao lado, é comprido para permitir que o doente possa movimentar-se, tomar banho e andar para que não fique retido na cama. O facto de ter de se andar agarrado sempre ao tubo e ao colector (lembrado a trela a uma cadelinha) que alguém se lembrou de chamar "BOBY". Bem, eu não sou nada entendido nestas coisas e não tenho razão de queixa de nada sobre a minha hospitalização no HAS, mas curioso como sou li algumas coisas sobre a algaliação, e posso afirmar que certas normas que oferecem mais comodidade, segurança e defesa de infecção urinária, não são consideradas naquele hospital, onde os métodos são cumpridos e nem todos os enfermeiros ou auxiliares têm paciência para com os doentes. Compreendo. Urologia exije sacrifícios e preparação especial para lidar com situações complicadas e por vezes difíceis de encarar. Vivi uma dessas situações. Eu sei compreender os outros. Mas, nestas coisas, há sempre o lado oposto que é aquele em que alguns enfermeiros sabem criar boa disposição aos doentes e estão sempre a falar e a procurar uma relação amistosa.
Aconteceu isso, com um dos enfermeiros, a calma em pessoa, a andar, a falar e até a olhar nossos olhos, por cima das lentes penduradas na ponta do nariz... ou não tivesse ele nascido onde a linha do Equador passa (S.Tomé). Esta é a prova:
Um dos acamados, cerca de 50 anos de idade, pessoa de costumes e hábitos ... pegou no telemóvel (celular) na enfermaria onde é expressamente proibido usar esse aparelho, devido à instalação de aparelhagem de alta precisão a que o doente está conectado para estabilizar a normalidade funcional da pessoa (tensão arterial, etc.), e na ocasião entrou o amigo enfermeiro e topando a coisa deu uma de brincadeira:
- "Hei, que é isso! Delligue isso antes que provoque aqui uma explosão que vamos todos visitar os anjinhos".
O homem atirou o telemóvel para o chão... aflito e mais pálido do que um japonês sobrevoando Pearl Harbor, e, nós outros da enfermaria, quase rebentámos com os pulmões à gargalhada.[ CONTINUA QUINTA-FEIRA].