domingo, agosto 13, 2006

MUNDO - Médio Oriente

FIM DE SEMANA DE CONFLITOS

Meu fim-de-semana não é, desta vez, dos melhores... nem dos piores. É simplesmente conflituoso: estou de nervos em franja. Não me acontecia há um ror de tempo, o que prova não estar imunizado. Mas... felizmente há sempre um mas e logo a pachorra para fazer algo com a dose de isenção habitual, aparece e a mioleira desata a percorrer o labirinto onde se encontra a motivação para escrever, levando a melhor sobre a mandriice. Consumada a contra-revolução, a guerrilha urbana desata aos tiros e os alvos são atingidos com uma precisão absoluta. O Mundo Cão em que estamos inseridos. A maldade das pessoas, o servilismo, o obscurantismo que abrange jornalistas e pseudo-jornalistas que se identificam, facilmente, quando omitem, propositadamente,o complemento que a isenção impõe. Não é difícil identificar esse tipo de profissionalismo na comunicação social, não apenas em Portugal mas, também, em todo o resto do mundo a que me referi antes, no início deste parágrafo.
Nesta actualidade mundana, pensem só na hipocrisia dos governos americano e britânico perante o conflito desencadeado pelos israelitas com o aval americano e britânico -, para combater uma organização tida como terrorista, o Hezbollah.
Pior, o Conselho e Segurança das Nações (Des) Unidas, precisou quase de mais de um mês para tomar a decisão (cessar fogo) e de enviar força de intervenção para o Sul do Líbano e, agora, essa força será enviada daqui por sete a dez dias.... Exactamente o tempo mais do que suficiente para Israel alargar as operações agressivas e continuar a cometer crimes perpetrados há muito, tendo como justificação a recuperação de dois soldados seus que o Hezbollah raptou e mantém em seu poder. Alguém duvida de que Israel, se quisesse, em menos de uma semana conseguiria libertar os seus saldados? Tudo muito bem pensado para, aparentemente, agradar a gregos e troianos: O governo do Líbano considerou que a resolução da ONU mostra que o mundo inteiro esteve ao lado do Líbano. Israel, mais uma vez defendido e com tudo às escancaras. Só não vê quem não quer ver: Israel tem o direito de responder a ataques do Hezbollah pois a resolução da ONU apenas proíbe a Israel acções ofensivas; não defensivas. Resolução usurpadora de direitos... quando permite que Israel dentro das fronteiras do Líbano portanto em nítida acção ofensiva -, tenha direito a defender-se... e o povo libanês, dentro do seu país, não tem o direito a se defender, atacando quem invadiu e massacra indiscriminadamente o seu povo. De bradar aos céus.
Despertou-me atenção este ponto de vista de Jorge Almeida Fernandes, no Público de hoje:
Israel perde, mas pode ainda atingir os seus objectivos. O Hezbollah ganhou, mas perde a sua margem de manobra. O Governo libanês sai inesperadamente reforçado. Teerão demonstrou a sua capacidade de desestabilização. Os Estados Unidos são o grande ausente da diplomacia no Médio Oriente.
Mas, todo o mundo sabe que foram os Estados Unidos que instigaram Israel a fazer esta guerra para destruir o Hazbollah no âmbito da sua guerra ao terrorismo, embora diplomaticamente tenha sido ultrapassado pela França.
Lembro-me eu do que aconteceu em 1978, aquando da ocupação do Líbano por Israel, altura em que a resolução do CS 425 de 19-03-1978, aprovada CINCO DIAS após a invasão, que determinava a retirada das forças israelitas de todo o território libanês. Israel como resposta, reforçou a invasão em 1982 e chegou a cercar a capital (Beirute) e levou 22 ANOS A PROCEDER Á EVACUAÇÃO EXIGIDA, sem deixar a área conhecida como Shebaa Farms, onde o actual conflito começou.
O pior de tudo isto estará para vir... e os sinais do tempo são por demais evidentes: o Hezbollah não está sozinho e os apoios manifestam-se nos bastidores de uma vasta área onde há milhões de efectivos que lutam com as armas que têm, um arsenal imprevisível onde há um pouco de tudo... desde as bombas líquidas às nucleares.
Razão têm aqueles que apelam, em vão, a uma negociação directa de Washington com Teerão, antes que o pior aconteça.
Que ninguém espere o melhor. Esteja onde estiver.
Carlos Pereira.