domingo, julho 08, 2007


Futebol: Petro do Huambo
inicia preparação
para jogo da 16ª ronda
do Girabola


Huambo – Após a vitória de 2-0 sobre o Santos F.C., a equipa de futebol do Petro do Huambo iniciou esta manhã, no estádio dos Kuricutelas, a sua preparação visando o jogo da 16ª ronda do Girabola, diante do Sagrada Esperança da Lunda Norte, na cidade de Malange.(ANGOP)

Estádio dos Kurikutelas Este Estádio, localizado em Huambo (antiga Nova Lisboa), no Planalto Central, era, em 1966, quando eu fui trabalhar para o Huambo, o ESTÁDIO DO FERROVIA. Um clube fundado e apoiado pelo Caminho de Ferro de Benguela, que, no tempo colonial português, teve grande projecção no futebol angolano.
No período após o 25 de Abril (Revolução portuguesa que derrubou o fascismo), que antecedeu a independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, ainda eu estava como delegado da Emissora Oficial de Angola e redactor do Jornal do Planalto, apercebi-me que tinha chegado a hora de uma nova era em que era preciso angolanizar. Assim, reiterando a relação revolucionária que mantinha com o meu saudoso Amigo Rui Óscar Carvalho (já falecido), embora me encontrasse no seio do “Galo Negro” (Movimento da UNITA, de Jonas Savimbi), a minha conduta passou a ser mais descarada no âmbito da minha actividade desportiva, como relator desportivo e delegado da Emissora Oficial - privilégios que me possibilitaram apoiar a revolução de uma forma camuflada, embora isenta.
Na ocasião, um grupo que não precisou de ser organizado porque as ideias estavam enraizadas em cada um dos seus integrantes, foi formado por mim: Arlindo Leitão (ainda em Angola como comentador desportivo da Rádio-5 e correspondente do jornal “Record”); Fernando Santos (hoje Director-Adjunto do jornal “O Jogo”, no Porto); A. Moreira (algures no Norte de Portugal, proprietário de uma Agência de Viagens). Com eles realizei muitos trabalhos que redundaram êxitos para a revolução, sem que, contudo, tivessem sido, até reconhecidos até hoje. Nas crónicas aos jogos e à vida citadina, nos relatos, nas entrevistas… nós desenvolvemos muito de útil na acção descolonizadora a que nos tínhamos proposto.
E foi, nesta rota de luta indómita, que surgiu a ideia de substituir nomes que estivessem ligados ao colonialismo português. Daí, Rui Carvalho, lançou o “Mambrôa” para substituir o Sport Huambo e Benfica. (Um dia explicar pormenores da origem deste nome e das reacções que isso motivou). Eu, muito ligado ao Milo Vitória Pereira e ao Ayres, do Duo Ouro Negro, lembrei-me de que tinha colaborado no lançamento deles em Angola, e gravado o primeiro disco, um single de 45 rpm, que incluía a célebre música KURIKUTELA, que conta a peripécias de uma viagem de comboio entre Benguela e o Leste angolano, que também, no Sul apelidavam de “Cama Couve”. Daí a começar…foi um ápice. Nunca mais chamei ao Estádio de Ferrovia mas sim de KURIKUTELAS. Exacto no plural. Porque ao próprio Clube deixei de chamar Ferrovia para passar a Kurikutela, obviamente, os seus integrantes seriam, em vez de ferroviários, os kurikutelas. E pegou quase totalmente. Só não pegou nos órgão de comunicação onde o “portuguesismo” (e, talvez, a tendência política) de alguns colegas da informação, como por exemplo do Oliveira Campos (hoje correspondente do jornal “A BOLA”) e do Rebelo Carvalheira, de “a província de Angola” (falecido em Portugal).


Após a independência, as coisas mudaram um pouco dada a nossa força em manter a luta acesa de forma muito mais intensa, já com a Rádio Nacional de Angola, em vez da EOA, e o Regional do Huambo (Rádio Clube do Huambo, pró Unita - Foto em cima, onde funcionou o Emissor Regional do Huambo da RNA. Edifício após a sua inauguração) ao serviço do Governo Angolano. Com o Rui Carvalho, como Director Geral da RNA e mais tarde da TPA, e eu como Director da Emissora Regional do Huambo, todas as nossas lutas se consolidaram em pleno êxito. A prova disso está nestas duas palavras que a notícia da ANGOP citou, que deu azo a esta crónica:
GIRABOLA – Ideia surgida numa reunião entre o Rui Carvalho e eu para procurar novos nomes para substituir denominações convencionais, como Campeonato Nacional de Futebol: De Bolão Angolano a Girabola, ficou e pegou GIRABOLA.

KURIkUTELAS – Já expliquei antes o pensamento e que originou o nome. Só uma coisa a rectificar: não é KuriCutelas mas sim KuriKutelas. Com dois K é mais angolano… do que com C.

Por hoje, caramba, já foi muito desabafo. Aos poucos e na oportunidades que tiver muito mais coisas e coisinhas tenho para vos contar. Estórias que me têm escapado. Mas, que espero ainda poder contar. Caté mais.-
Carlos Pereira