DEDÉ (Parte I)
ADEUS LOBITO!
Texto:
Sambinha N'Kono
É vestido com o amarelo da camisola da equipa da capital do móvel que se tem passeado nos relvados portugueses uma das grandes revelações do presente campeonato. Médio-defensivo do Paços de Ferreira, Dedé conserva ainda o mesmo nome que ganhou a jogar futebol nas ruas do Lobito, sul de Angola, "A Cidade dos Flamingos Vermelhos" (Foto de C.Pires) onde nasceu e se fez homem. Foi já aos 22 anos (nasceu em 1981), que tomou consciência do seu enorme talento, suficiente para poder ser também apreciado noutras paragens do mapa-mundo. Dedé, uma força da natureza, fez-se crescido e decidiu deixar tudo para trás, dizer adeus ao passado, à família e à Académica do Lobito. Um gigante, tanto como o Boeing que o levou a sobrevoar África e só "aterrou" em Elvas, pequena cidade alentejana quase colada à fronteira com Espanha. Foi ali que tomou o primeiro contacto com a Europa, mas não por muito tempo, pois, dois anos depois, voltou a mudar de ares, abraçando o ambicioso projecto dos madeirenses do Pontassolense, onde, então sim, começou a dar nas vistas.
No fim dessa época, o Estrela da Amadora mostrava-se interessado, ainda chegou a contactá-lo, mas ele, farto de tanta indecisão, preferiu continuar a subir bem devagarinho, assinando pelo Trofense, um clube da II Liga. Continuou a trabalhar muito (e bem) e foi considerado um dos melhores futebolistas da divisão secundária portuguesa, a ponto de, finalmente, se estrear entre os grandes.
DEDÉ (Parte II)
Com licença, Mundo…
Dedé assinou pelo Paços de Ferreira no início desta época e desde logo José Mota, treinador de créditos firmados, percebeu o diamante que tinha nas mãos, entregando-lhe de imediato um lugar na equipa titular (de onde nunca mais saiu). Tem impressionado o seu futebol. É um dos jogadores mais fortes fisicamente da Liga, um poço de força, um tanque, enfim, para ele podem usar-se todos os adjectivos possíveis e imaginários que signifiquem isto: força!. Mas não se assustem, caros amigos, Dedé não é um lutador de sumo, nem tão pouco de wrestling, pelo contrário, tem ainda uma cândida expressão na face, como quem precisa de pedir desculpa de ser tão mais forte que os outros. E, aliás, até nem é só força, o que, precisamente, pode fazer dele um jogador de dimensão à parte.
Dedé passa os 90 minutos de olhos na bola, concentrado e convicto de que pode contribuir para ajudar a equipa. Não tem medo de pedir jogo e assumir despesas. E depois, coisa rara para um jogador de tais características, também tem técnica. Sabe fintar, conduzir, passar… e rematar. Claro, estamos a elogiá-lo demais e a esquecer propositadamente os seus defeitos, que também são muitos. Ainda não é um dos melhores jogadores do mundo nem nada que se pareça. Mas, desde que acreditem nele e as oportunidades surjam, não nos admiramos muito que, daqui a não muito tempo, Dedé esteja a jogar numa das melhores equipas do planeta.