O Diabo ainda não conseguiu arruinar este nosso Mundo de Deus! As desgraças são mais que muitas, é certo. Todos os dias, o quotidiano (cotidiano) oferece-nos em cada passo, em cada momento de nossa vigília citadina, pequenos nadas, que para a maioria são indiferentes, mas para mim servem para consolar meu desespero quando penso no drama que milhares de seres humanos enfrentam nas guerras - que outros promoveram -, nos seus torrões natal – Iraque, Cisjordânia, Somália… Nem vou citar mais, pois todos eles têm como causa única as desastradas hegemonias dos Estados Unidos e Inglaterra, enquanto Bush e Blair, misólogos abstractos da época, se mantiverem nos seus cargos de comando unilateral,
E essas pequenas coisas saltam-me à fente dos olhos… umas que me fazem sentir feliz por ainda estar neste mundo e outras me fazerem pensar nos erros que os que mandam cometem em confiar nos seus subordinados.
No primeiro caso, recordo uma cena singular que hoje apreciei à saída da estação do Metro da Linha Azul. Ao chegar à estação do Restauradores (Lisboa, Portugal):
Uma senhora transportando um troley pesado, arrastava-o com facilidade mas, ao atingir o início da enorme escadaria tentava, em vão, levantá-lo sem o conseguir e quando se preparava para o arrastar escada acima, eis que um jovem de raça negra (não é racismo mas sim é combate ao racismo) chegou-se e sem mais nem aquelas ergueu com a força que lhe é peculiar o troley e o levou até ao cume da escadaria e, no fim, sorriu para o agradecimento da senhora e seguiu seu rumo, sei lá aonde, mas com a certeza de que seria rumo certo para um jovem de bons princípios. Uma coisa, ainda: a senhora era de raça branca.
No segundo caso, já não dignifica nada quem o personificou. No início deste mês, a administração do Metro lisboeta, em defesa dos seus interesses – menosprezando os seus utentes e clientes, inclusive desrespeitando os também utentes da CP, trancou todas as entradas e saídas das suas estações limitando o acesso aos utentes que estão privados da Estação ferroviária do Rossio – outra vergonha que se arrasta há longo tempo –, à estação do Restauradores e disponibilizando as estações do Campo Grande e do Jardim Zoológico. Eu compreendo que isso só dará lucros ao Metro, mas não compreendo porque levou tanto tempo a perceberem que os utentes da CP não tinham o direito a outras estações. Bem. Mas vamos ao caso.
Cerca dos 00h30 minutos, de segunda-feira última, os passageiros que saíram no Jardim Zoológico e rumaram a estação da CP de Sete Rios, entre os quais estava eu (com passe 123 do Metro) e mais duas dezenas de pessoas. Na minha frente, encaminharam-se para a saída aberta e controlada por um segurança de raça negra – citação imposta para bem se entender a situação -, quatro senhores de raça negra. Eu encaminhei-me para uma das saídas bloqueadas. Os passageiros referidos passaram sem problemas e sem exibir o bilhete que lhes conferia o direito de estar a transitar por ali… mas aos restantes (de raça branca e negra) foi exigida a apresentação do bilhete. Para mim vi, um olhar acintoso de controlo sem razão de ser. Bem, isto é, das duas uma: racismo implícito-amiguismo, ou racismo puro.
Se, porventura, alguém da CO ou Metro, ler este meu post ficarei radiante, se, depois se verificar que houve medidas adequadas para sanear que estas coisas não aconteçam. Mas, ainda uma pergunta:
É legal que uma empresa alheia à Administração do Metro exerça controlos de passageiros da CP e do próprio Metro?
Eu não sei responder, nem vou me preocupar em pedir resposta a quem de direito. Ficam os desabafos.
Bom fim-de-semana a todos.